A Reinvenção do Lobby
Como seria acordar e descobrir que o mundo físico que conhecemos passou a ser virtual? Todas as reuniões profissionais, religiosas e familiares sem contato físico? Não, você não está em um sonho, essa é a nova realidade que se impõe no mundo inteiro.
E como realizar uma atividade que tem como sua principal forma de contato a presencial? Onde cada atitude do interlocutor, seu ambiente, postura corporal e tom de voz podem produzir várias informações? Aqui se impõe um grande desafio para os profissionais de Relações Governamentais – RelGovs.
Como conseguir chamar a atenção do interlocutor para o tema de interesse por telefone? Como convencê-lo a fazer uma vídeo chamada? Afinal de contas, a defesa do interesse permanece legítima, mas através do telefone não temos como aguardar na sala de espera para ter a melhor oportunidade.
É hora de se reinventar. Como se um ciclo estivesse se fechado e uma nova história precisa ser escrita, mas não temos tempo de elaborar um projeto para testes futuros, não é só trocar o pneu com o carro andando, é construir um carro novo sem poder parar.
Já pensou em algo? Já está fazendo algo? A presença digital, que já era muito importante, se tornou imprescindível. Geração de conteúdo, posicionamentos e exposição qualificada passou a ser o cartão de visitas dos Relgovs. Os mais experientes que já tinham uma rede de relacionamento estabelecida, se não se adaptarem aos novos modelos, muito em breve perderão esta vantagem para os mais jovens no mercado que, na maioria das vezes, tem mais intimidade com as tecnologias. O jogo praticamente foi zerado.
Porém, há que se ter muito cuidado, se antes dizíamos que o “papel aceita tudo” hoje podemos afirmar que “o Linkedin e o WhatsApp aceitam tudo”. As novas construções de rede devem ser mais criteriosas, as fake news também transitam os contatos.
O ponto positivo é que a tecnologia é rastreável, deixa registado tudo o que acontece e praticamente não há total privacidade. Já vimos muitos áudios e mensagens vazadas que mostraram relações pouco republicanas, o que faz com que o outro lado, também necessite se adaptar a essa mudança.
É isso mesmo, o setor público, seja ele Executivo ou Legislativo também precisa se adequar a essa realidade. A tomada de decisão obrigatoriamente precisa ser avaliada com base nos riscos que tal aprovação/decisão trarão para a imagem do parlamentar ou ente público e para isso, faz-se necessário a busca por informações cada vez mais assertivas. No mundo dos negócios chamamos isso de Inteligência do Negócio, ou seja, a Inteligência na Política precisa ser exercida como nunca antes, pois as interferência, defesas, argumentos e decisões estão públicas.
Enquanto estivermos afastados, os desmandos tendem a diminuir, talvez esse seja o momento de provar o verdadeiro Lobby, como ele deve e pode ser feito, tudo às claras, de portas abertas, defendendo o interesse legítimo.
E você? Já começou a escrever a história? A caneta está com você.
Autores: Edgard Usuy da INTEGRA Relações Governamentais
Kátia Garbin da Relações Institucionais da Oi Sul/RJ